Quando assistimos uma novela da globo, apreciamos um filme de Hollywood ou lemos aquele romance épico da Jane Austen, percebemos a presença de pelo menos três personagens: o herói, a princesa e o vilão. O herói normalmente é um galã gostoso, fodão para caramba, que salva a mocinha e derrota o vilão malvado. Este, por sua vez, é sempre perverso e sádico, divertindo-se toda vez que atira uma pedra no caminho do herói, mandando seus capangas à conta-gotas pra hitar. O vilão é aquele personagem com o traço mal-intencionado ou maligno do The Sims, com a habilidade travessura upada no máximo. Sobre a mocinha, creio que dispensa comentários.
Ultimamente estamos com um grave problema nesse fantástico mundo da web-literatura. As personagens de vocês têm estado cada vez mais estereotipadas. Cada nova tendência que surge parece durar dois ou três anos, arrastando nossos pobres leitores em um marasmo de mesmice e tédio. Vai por mim, meu caro e minha cara, ler um estereótipo a primeira vez pode até ser divertido, igual a comer um pedaço de bolo recheado de brigadeiro, mas na décima, enjoa até mesmo o melhor dos glutões.
Bom, agora você, escritor de webnovels ou mangaká, deve estar se perguntando: “Nossa, mas o que coelhinhos sarnentos isso tem a ver com arquétipos literários e como isso vai me ajudar a construir meus personagens?!”
Ora, meu jovem e curioso escritor… Tem tudo a ver! Venha com o tio Petter aqui e vejamos se não.
O que é um arquétipo?
Um arquétipo é um conjunto de imagens primordiais que existem em nosso inconsciente coletivo. É o que o conhecimento humano ao longo de milênios e milênios concebeu em nós, de modo inato, sobre os conjuntos imagéticos mais comuns nos sujeitos com os quais convivemos, em sociedade, ao longo desse tempo. Faz parte do instinto inerente da humanidade de qualificar e classificar, afinal, foi esse o poder que Deus deu a Adão, não? Dar nome a todas as coisas.
Calma, vamos explicar com palavras menos sofisticadas.
Podemos dizer que o responsável por esse negócio de arquétipo é o psicólogo Carl G. Jung, dizem as más línguas que ele foi discípulo de Freud. Para melhor entender, temos que dissertar um pouco sobre a teoria da psicologia analítica de Jung. Não me matem, por favor.
O Jung entende que os limites da consciência atingem o universo desconhecido, composto por uma parte do campo de nossas consciências que é simplesmente impossível de ser consumado. Ele divide o desconhecido em Desconhecido do Mundo Externo e Desconhecido do Mundo Interno, sendo este último o inconsciente.
Esse tal inconsciente é muito forte, assumindo influência avassaladora em nossas vidas, influindo em nossas emoções e escolhas, sem que sequer saibamos disso. O Jung vai além e diz que esse tal inconsciente possui uma força criativa tão poderosa que cria o que entendemos por consciência. Não vem ao caso aprofundarmos, mas, resumindo, esse inconsciente pode ser dividido em duas camadas, sendo elas o inconsciente pessoal e o consciente coletivo.
O inconsciente pessoal é como se fosse um receptor, sendo formado por tudo aquilo que já fora adquirido por cada um, de forma individual, ao longo da vida; contudo que o ego daquele indivíduo em específico não foi capaz de suportar e, portanto, reprimiu ou “esqueceu”. De modo diferente, o inconsciente coletivo é aquilo que não pertence a você enquanto indivíduo, caro leitor, mas à toda humanidade, pois é herança espiritual. É aquilo que inconscientemente você já nasce sabendo.
É aí que os arquétipos entram. Ora, no geral, e quando estamos em grupo isso se torna notório, as pessoas tendem a apresentar comportamentos padronizados, percebemos isso em nosso dia a dia. Voltando aos grupos, há quase sempre a figura do líder, aquele que é mais proativo que os demais, mais comunicativo e normalmente sugere a direção a tomar para alcançar certo objetivo, seja ele os rumos que um mega-grupo de investimentos deve tomar para triplicar suas ações, ou então algo mais rotineiro, como estimular os amigos a ir em certa balada ou barzinho em uma sexta ou sábado à noite — eu era quase um especialista neste último, hehe. Bem como também temos a figura do bobo, que é aquele sujeito gracista do ensino médio que transforma a apresentação de sistemas reprodutores de biologia em um verdadeiro, porém péssimo, show de stand up; isto na minha época, ao menos. Pelo que sei, hoje em dia eles se tornam tiktokers.
Notaram? Refletiram um pouco e perceberam alguém que conhecem e acaso encaixe nas roupagens que descrevi? Não? Ora, então vou citar alguns outros arquétipos comuns nos colegiais do Brasil. Tenho certeza que vocês já se depararam com a típica patricinha debochada, com o nóia, ou com o professor bonitão que as meninas ficam fofocando, com o nerd da sala… Estes são só alguns.
“Arquétipo” vem da junção de duas palavras gregas; archein ou arché, que significa “original”, “início”, “arcaico”, “causa” ou “antigo”, a depender do contexto, e typos, que pode significar “padrão”, “marca” ou “modelo”. Juntando tudo fica o “modelo de algo”. São traços característicos da psicologia humana. Ou seja, padrões de comportamento que os sujeitos apresentam, como os descritos acima, afinal, segundo esta óptica, nós não nascemos como uma tabula rasa, nossa psique já vem viciada por todos esses anos de humanidade. Jung tirou a ideia de arquétipo de Sto. Agostinho, aliás, mas também não vem ao caso.
Para não mais nos alongarmos, suporei que você, meu caro mago, já entendeu o que coelhinhos dentuços é um arquétipo, de onde vem e, portanto, resta-nos compreender o que ele faz.
O que faz um arquétipo?
Sendo, pois, os arquétipos ideias de comportamentos-modelo que observamos nas pessoas em nosso cotidiano, o que para a teoria junguiana se trataria de elementos inabaláveis do inconsciente, resta entendermos para que coelhadas serve esse tal archetypos. Isto é, o que ele faz.
Para nós, o arquétipo será a premissa para o caráter de um personagem, para as circunstâncias que esse personagem encontrará e para os símbolos que sua história irá apresentar.
Explicarei:
Evidente que se lembram do líder corporativo e do bobo da sala, mencionados acima. Pois então. O líder carrega o arquétipo do governante, aquele que, com autoridade, dirige a alcateia para o bem comum, embora às vezes seja tirânico e deteste que contrariem sua vontade. Já o bobo carrega o arquétipo do… adivinhem, sim, do bobo. É aquele personagem, adivinhem, bobão, que faz piadinhas e traz leveza às cenas, apesar de ser meio louco e sem filtro às vezes. É o alívio cômico da obra.
Percebam que aqui ambos remetem a traços de caráter. E a ideia é exatamente esta, pois é nisso o que consiste o que chamamos de arquétipos de caráter. Mas temos, também, os arquétipos de circunstância (ou de história) e os arquétipos simbólicos na literatura.
Os arquétipos de circunstância/história se referem a premissas de enredo, isto é, que caminhos a trama seguirá. O que é bem diferente de arquétipo de personagem. Por exemplo, temos a missão, que consiste na busca de objeto fantástico, na satisfação de um objetivo que os personagens têm, como salvar o mundo derrotando o Maou, ou resgatar a princesa que se encontra presa na torre mais alta do mundo. Temos, além disso, o fim da inocência, em que o personagem recebe um ensinamento que marca uma transição, ou amadurecimento, de sua personalidade e/ou caráter, podendo ser ela uma experiência sexual, como o primeiro beijo de um nerd virgem, que agora passa a ser só nerd, ou uma tragédia, como a perda da mãe para uma doença incurável, et cetera.
Já os arquétipos simbólicos referem-se a elementos textuais que estão escondidos no texto. Como a oposição de luz e escuridão, isto é, esperança e bondade vs. desilusão, desespero e maldade. Aqui entra também a numerologia, na qual três representa a Divina Trindade; o quatro, os elementos da natureza e o sete, os pecados capitais. Um exemplo concreto é a obra Sevens, na qual cada deusa acaba representando um número, o que reflete indiretamente no desenlace da obra.
Nosso foco aqui são os arquétipos de caráter, já que são eles quem irão ajudar você, escritor peralta, a melhor construir suas personagens.
Os tipos mais comuns de arquétipos de caráter
Pois bem, vamos à parte que vocês estavam esperando, espertinhos. Ao todo, pela teoria junguiana, temos doze arquétipos principais. Debruçamo-nos sobre eles.
I) O Herói. Talvez o mais clássico de todos. Aqui encontramos o protagonismo, a coragem e a vitalidade como traços primordiais da personalidade. O objetivo principal do herói é deixar uma marca. Deixar a sua marca. Isso com atitudes corajosas que visam o bem maior, chegando até o extremo altruísmo, oferecendo-se ao perigo como sacrifício pessoal para a salvação do mundo. O herói deseja dominar. Na mitologia greco-romana, o arquétipo do herói se encontra presente na figura do semideus. Exemplos não faltam: Aquiles, Ulisses, Hércules e Perseu, por exemplo. Homens que desafiam a natureza e o divino em prol de cumprir sua missão.
II) O Mago. É aquele que as meninas avadacabrestas gostam. O mago é intuitivo, visionário e criativo. Transforma a si mesmo e ao mundo com seus poderes, sendo o objetivo principal a busca por poder, na forma de conhecimento. O mago também quer deixar sua marca. Aqui, importa mais o que está oculto, escondido de todos. Esse arquétipo visa a espiritualidade, as sensações, os pressentimentos e os presságios. O grande aspecto negativo do mago é a falta de praticidade que suas ideias por vezes podem carregar, eis que és deveras idealista, meu caro mago. Solidão e isolamento também são mazelas que você carrega. Às vezes o mago pode apresentar tendência para a manipulação, dificultando a formação de laços verdadeiros e facilitando seu isolamento.
III) O Rebelde/Bandido/Fora da Lei. Se você também quer deixar a sua marca no mundo, mas o que importa para você é a liberdade extrema, na forma de libertação, então, meu amigo, estamos diante de um rebelde nato, criminoso, bandido, fora da lei, chame do que quiser!, afinal, você é livre. O rebelde gosta de questionar tudo e todos, provocar, quebrar regras. Ele quer transformar o que é obsoleto, o que acredita que não deveria existir. Derrubar o status quo. Seu grande defeito é, justamente, a forte tendência à autodestruição. Exemplo de rebelde é o protagonista do segundo volume de Mansão de Alamut. Jorg Ancrath, da “Trilogia dos Espinhos”, é outro exemplo clássico. Ele basicamente quebra qualquer regra que lhe imponham e usa ardis para vencer seus confrontos pessoais. Um ser ao mesmo tempo lastimável, odiável e carismático.
IV) O Comum/Pessoa Comum. Falamos aqui dos famosos NPCs. São aqueles que visam somente pertencer e conectar-se a outras pessoas. Não precisam de destaque. Traços marcantes de sua personalidade são o realismo extremo e a simplicidade. Ele não quer impor-se a ninguém, apenas desenvolver-se com base no que é útil ao grupo. É um bom vizinho, um colega de trabalho gentil. Seu grande desafio é exatamente essa falta de destaque, consequência da falta de desafios.
V) O Bobo da Corte. Esse aqui é o segundo pior de todos. Está na lista daqueles que buscam conectar-se a pessoas. Nesse caso em específico, o bobo visa dar prazer e felicidade aos outros com a própria alegria. Seus traços principais são a leveza e a espontaneidade. Tudo para eles pode ser motivo de chacota e gozo. O grande problema do bobo é que, por isso mesmo, acaba muitas vezes sendo raso demais, gastando quase todo o tempo com coisas chulas, sem se aprofundar em demasia nas coisas que, às vezes, requerem atenção. Um exemplo de bobo é o personagem Fool, de The Farseer Trilogy. Sim, deixarei em inglês porque o nome dele(a), traduzido, fica literalmente “o Bobo”.
VI) O Amante. Esse daqui é o meu preferido, hehe. Fecha o grupo daqueles que desejam se conectar às pessoas. O amante é sensível, intenso e sensual. Apesar do nome, não necessariamente tem a ver com amor romântico este arquétipo, e sim personalização e, sobretudo, com o desejo de conexão emocional, querendo construir laços profundos. A estética é outro ponto forte do amante. O objetivo do amante é a intimidade, como falei. Ele tem um forte desejo de parceria, além de emanar atração e beleza. Infelizmente, às vezes o amante perde um pouco de si mesmo e da própria personalidade ao tentar enamorar a(s) pessoa(s) amada(s).
VII) O Inocente. Esse aqui é o pior de todos. O inocente deseja segurança. Quer se sentir protegido, evita o conflito a todo o custo. De certa forma, é bem ingênuo, abrindo mão do que se importa pelo medo de perder a segurança. São otimistas, sonhadores, esperançosos, simples e, resumindo em uma palavra, positivos. O inocente é a representação da pureza. Acontece que, por acreditar demais na bondade das outras pessoas, o inocente pode acabar se dando mal. Apesar do objetivo louvável de uma vida feliz, o inocente vai encontrar como maior desafio essa falta de proatividade e estagnação, pois abre mão do próprio ego para não perder a segurança.
VIII) O Sábio. O maior destaque deste arquétipo é a empatia. O sábio é lógico, verdadeiro e criterioso. Ele buscará sempre o verdadeiro conhecimento do mundo, balizando-se na razão. Ele deseja a plenitude, de modo que sua busca pelo conhecimento é também uma busca espiritual. A grande questão aqui é a falta de criatividade do sábio. Por ser deveras lógico, irá pautar-se pelo conhecimento que já tem, resolvendo os problemas com “receitas prontas”. Por ser bem detalhista e metódico, pode acabar se mostrando conservador nas ações, afinal, esforço desnecessário é ilógico.
IX) O Aventureiro/Explorador. Aqui, parecido com o rebelde, o traço principal é a liberdade, mas de forma ampla. O aventureiro é ousado e independente, contudo não quer mudar nada, nem deixar sua marca no mundo, ao menos não de propósito, só está acostumado a atirar-se no desconhecido que tanto lhe fascina. Rotina para quê? É o arquétipo das pessoas autênticas. Seu maior medo é um dia acabar contentando-se com o que já tem, uma vida monótona de assalariado lhe causa arrepios de nojo. O grande desafio do aventureiro é a constante insatisfação. O espírito do aventureiro é um faminto insaciável. Além disso, tem grande dificuldade de assumir compromissos e criar raízes, por conta da instabilidade constante de suas vidas.
X) O Governante/Imperador. Liderança, carisma, solidez e necessidade de controle são traços que encontramos no imperador. Ele deseja tornar o mundo seu súdito. Para isso, desenvolveu habilidades de comunicação e persuasão, sendo capaz de convencer multidões a segui-lo em uma guerra de conquista. Ele se dá muito bem diante de regras claras e adora multidões, afinal, todos ali são servos em potencial para servir-lhe numa bandeja as suas ambições. O desafio do governante é a flexibilidade e a dificuldade em delegar, afinal, delegar significa abrir mão de parte do controle das coisas.
XI) O Arquiteto/Criador. Imaginação e arte, inspiração e inovação. As características do arquiteto apresentam uma interessante relação de causa e consequência. Ele quer estrutura, da mesma forma que o governante, entretanto na forma de busca por soluções para situações problemáticas e difíceis. Ele quer projetar respostas para as questões mais difíceis do mundo, e ser reconhecido por isso. Seu problema, como o do sábio, é pensar muito antes de agir e projetar cada detalhe da resposta antes de entregá-la.
XII) O Prestativo/Cuidador/Servo. O servo deseja conferir estrutura. É altruísta, protetor e exala compaixão. Segue a regra de outro, amando seu próximo como a si mesmo, protegendo a todos, cuidando de forma física e emocional. O grande problema com esse arquétipo é que o servo não se contenta em carregar a própria cruz, mas quer suportar todas as dores do mundo, mesmo não sendo capaz disso. Com tanto amor, ele também pode acabar sufocando quem está próximo.
Outros arquétipos de caráter
Para ajudá-los a fugir do clichê, vejamos alguns outros arquétipos menos comuns e mais divertidos para o caráter das nossas personagens.
I) O Catalisador. É aquele personagem que, mesmo sem querer, sempre está envolvido com os acontecimentos mais importantes do mundo, mas não como herói ou príncipe, não como persona-centro. Não… O catalisador trabalha nas sombras, servindo àqueles cujos nomes ficarão, de fato, gravados na história. O problema deste arquétipo é que o catalisador encontra-se numa situação em que abre mão da própria vontade em prol de terceiros, abrindo mão de amores, ambições e desejos pela vontade de outro. Exemplo de Catalisador é Fitz Cavalaria Visionário, protagonista da “Saga do Assassino”.
II) O Matador de Dragões (Dragon Slayer). Um personagem famoso na história por matar dragões, ou que é especialista em matar dragões. Eu ODEIO este tipo de larápio. Tadinhos dos meus dragões… O que eles fizeram de errado? O exemplo que consigo pensar é o Dragonborn, da série Skyrim, e o Natsu, de “Fairy Tail”.
III) O Caçador de Monstros (Monster Slayer). Bom, ele caça e mata monstros e/ou criaturas sobrenaturais. É isso. Nada mais a comentar, esse é de boa. Pode ter variações, como caçador de um monstro específico, como em Goblin Slayer.
IV) O Herói do Herói. É o personagem que inspira o herói a se tornar um herói. Pensem no All Might, do “Boku no Hero Academia”. É a referência positiva, ponto primordial, que inspira nossos personagens mais inspiradores.
V) O Bombado Idiota. Esse é clássico. Pensem no Brutus, do “Marinheiro Popeye”. É basicamente um brutamontes movido a testo, dura e deca. A ausência de qualquer destes e de treino adequado pode fazê-los virar verdadeiras máquinas mortíferas. Mas não contem com eles para formular estratégias. A única estratégia é deitar na porrada.
VI) O Mestre dos Magos. Bom, neste aqui o que vigora é a sabedoria extrema, expressa através de falas dúbias e confusas, com significado aberto e polissémico. Ó, céus, não poderiam o mestre dos magos estudar um pouco de denotação, clareza e coesão? Enfim, fora isso, ele é realmente muito poderoso. Lembrem do mago lá em cima, multipliquem por dez e shazam, terás o poder do mestre dos magos.
VII) A Mulher Mais Bonita do Mundo. Tá bom, eu concordo que este aqui parece bem caliente. Pero no mucho, okay? Consiste basicamente em ter na história uma personagem detentora de toda a beleza, monopolista de olhares e de bons comentários. Distribua todos os pontos possíveis em charme e tenha uma vida fácil, ou não, depende do enredo. Um exemplo bobo, mas que vocês conhecem, é a Penélope Charmosa, clássica de vários desenhos do Cartoon Network (coisa de velho, se você tem menos de quinze anos, provável que esteja se perguntando o que carambolas é um Cartoon Network).
VIII) O Homem-Lobo/Lobisomem. Autoexplicativo, suponho. Trata-se de um homem que por algum motivo tem características lupinas, ou poderes do tipo, seja pelo sangue ou por magia. Recuso-me a dar exemplos que envolvam Crepúsculo, então fiquem com o Lobisomem Pidão, clássico da internet. E sim, Lobisomem Pidão se enquadra neste arquétipo.
XIX) O Mentor. Trata-se do personagem responsável por deixar o protagonista fodão, ou menos fraco, pelo menos. Exemplos não faltam, praticamente toda obra tem um. O Minato foi mentor do Kakashi em “Naruto”. A Jasmine e depois a Mu Xuanyin foram mentoras do Yun Che em “Contra os Deuses”. Detalhe importante é que mentorear não se resume a cultivo ou ninjutsu, é bem mais abrangente, envolvendo conhecimentos românticos e até basquete. Usem a criatividade para criar bons mentores em suas obras.
X) O Ajudante/Tenente/Imediato. É o segundo na hierarquia, o de confiança do prota. Normalmente é coadjuvante, muito embora também possa ser co-protagonista. Espécime de Sr. Spock para o Capitão Kirk, em “Jornada nas Estrelas”. Caso permitam um merchan, é também este o caso de Beto, em “Sangue do Dragão Ancestral”.
XI) O Burocrata Obstrutivo (corno manso). Representa tudo o que há de pior no mundo. Procedimentos ilógicos e morosos, documentação desnecessária e requerimentos difíceis. Jamais permita que este seja seu protagonista, ou vai arranjar uma multidão de desafetos.
XII) A Palerma. Já leram Tchekhov? Não?! Pois bem, esta aí representa a ingenuidade e falta de vontade de se rebelar. É a personagem lerdinha, que observa seus direitos serem tolhidos e interesses ignorados sem nada fazer. Pregue uma peça nela. Use-a como alívio cômico. Ela merece isso. Se ela decidir se rebelar, pronto, você tem um belo de um plot.
Existem vários tipos de arquétipos, como vocês puderam ver. Este texto não tem condição de catalogar todos, mas tão somente dar-lhes um norte, com exemplos. Sejam criativos e curiosos, meus caros e caras. Tenho certeza que criarão personagens incríveis daqui em diante.
Considerações finais
Evidentemente, meu caríssimo leitor, que, apesar da pequena remissão à psicologia, nosso tema central e principal objetivo aqui, neste simplório artigo, é ajudar você na construção de personagens literários. E justamente por isto que um adendo importante a fazer sobre arquétipos é que, psicologicamente, nenhuma pessoa pode ser reduzida a uma premissa.
Uma pessoa apresenta um arquétipo dominante, claro, contudo pela própria teoria junguiana essa mesma pessoa apresentará ao menos dois outros arquétipos secundários. E, sim, arquétipos são apenas premissas de comportamentos que se espera de determinada pessoa com base nos traços dominantes de seu caráter. Por isso mesmo que, tanto em termos de psicologia, quanto em termos literários, vocês não vão querer reduzir sua personagem ao arquétipo. O quão raso seria isso?
Claro, haverá casos, e isso se restringe à literatura, em que um ou outro personagem figurante poderá ser resumido à premissa, pois é essa toda extensão de seu papel na obra. Mas, por favor, novamente eu lhes suplico, aficionados amantes da escrita. Como regra geral, não reduzam seus personagens aos seus arquétipos!
Dito isso, agradeço a todos, desejo-lhes uma excelente aventura literária e pergunto: Qual arquétipo é o seu? Ah, e não esqueçam de conferir nossos outros conteúdos e, se tiver interesse, dar uma passadinha em nosso grupo no discord.
Forte abraço!! (^w^)
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