A estrutura de texto da sua menor unidade até sua totalidade.
O conceito mais básico do roteiro, é o de que, como já sabemos de forma intuitiva, histórias devem ter um início, um desenvolvimento e um final. Para tal separação, vários nomes foram propostos pelas mais diferentes estruturas de escrita, mas, no fim, todas elas se resumem a separar uma história entre começo, meio e fim.
Sendo esse conceito a base de como construir um roteiro, obviamente ele se torna muito poderoso e importante na escrita. Ainda que pareça muito natural e intuitivo, entender o que é o começo, o meio e o fim, bem como compreender como executá-los, é fundamental para construir uma história realmente concisa e capaz de impactar pessoas.
Então como definirmos o começo, meio e fim de forma clara? Afinal, todos tem uma noção intuitiva sobre o que essas coisas são, mas para poder usar um conceito ele precisa de uma definição simples e clara.
Aqui alguns problemas começam, já que para além de estruturas macro, como o roteiro da história, ou dos atos, até mesmo parágrafos seguem essa estrutura. Sendo um conceito que abrange da menor a maior estrutura de um texto, naturalmente é impossível dar uma única definição para cada uma das três palavras. O começo de um parágrafo é diferente do começo de uma história.
Mas será que essa diferença é tão grande assim?
Sem dúvidas, não há como uma definição fazer jus ao quão abrangente esse modelo é, ainda é possível fazer uso de uma explicação generalista, para entender como esses conceitos afetam da menor a maior estrutura de uma história.
O começo
Assim, em termos gerais, para toda sua história, para um arco, para uma cena, ou até para um parágrafo, o começo é uma apresentação e uma promessa, nele é apresentado sobre o que será o futuro. Por esse ponto de vista, é onde se promete algo ao leitor o que será entregue no desenvolvimento e fim.
Em um parágrafo, por exemplo, é na sua primeira frase que apresenta-se o tema desse parágrafo. Seja esse tema descrever uma casa, apenas uma porta, ou apenas mostrar a ação de pegar um celular. De qualquer forma, é fundamental para uma boa estrutura de parágrafos, que ele tenha um assunto a ser tratado, assunto esse que se define em seu começo.
No entanto, às vezes uma temática é grande mais para ser abordada em apenas um parágrafo, ou simplesmente há o desejo de ter parágrafos mais curtos, para isso separa se um tópico em sub-tópicos, criando outra estrutura. Por exemplo, de volta a descrição de uma casa, é possível dividi-la entre um parágrafo sobre o tamanho, outro sobre o jardim, outro sobre a fachada. Então, novamente, cria-se uma estrutura onde há primeiro há insinuação de que a casa será descrita, começando por um tópico mais geral e permitindo que cada parágrafo adicione mais um detalhe.
No último estágio do que ainda pode ser chamado de micro, estão as cenas. Obviamente, toda cena tem um começo, onde estabelece-se o local, o tempo e os personagens envolvidos. Bem como, é nesse momento que se dá o tom emocional que seguirá.
No entanto, diferente de um parágrafo, que, por ser muito pequeno, não permite quebra de expectativa, vale mencionar que uma cena e todas as estruturas macro permite. Ou seja, ainda que algo seja apresentado de certa forma no começo, nada te impede de mudar no futuro, apenas é necessário ter cuidado ao fazer isso e, mais importante, nunca gerar uma quebra de expectativa acidental. Entenda o seu começo, o que precisa ser apresentado nele e seja leal a ele.
Então, a junção de várias cenas levará a um ato, que naturalmente segue seu próprio começo, meio e fim. Normalmente há nas cenas iniciais dele a introdução de personagens, poderes, mundo, mas o mais importante e fundamental, há a introdução de um conflito que será o centro de todo o ato.
Por fim, toda história obviamente tem seu início, porém diferente de todos os casos citados até agora, o começo de uma história deve ser um conjunto de eventos que não precisam de contexto extra para ser funcional. Óbvio, muitas vezes, ocorreram coisas antes dele, mas como ponto inicial é necessário que seja possível entender o que está havendo sem contexto prévio a ele.
O fim
Pulando o meio, o fim se define como resposta direta ao começo, ou seja, uma conclusão, que não é necessariamente o final de tudo, mas o fechamento de tudo aquilo que foi proposto no começo.
Na menor das escalas de um texto, o parágrafo, propõe-se um tópico em seu início. Sobre isso, pode-se discorrer quanto achar necessário, limitando-se ao tamanho que preferir de parágrafo. Em livros, é comum que se abram muitas tangentes, com longos blocos de texto abordando algo; já em webnovels, é mais usual é manter os parágrafos mais curtos. De qualquer maneira, o fim é a última coisa que se tem a dizer sobre o tópico inicialmente apresentado, concluindo-o.
No caso de uma cena ou estruturas mais macro, existe uma diferença na complexidade dessa conclusão. Normalmente, em um único parágrafo não são abordados conflitos emocionais, ou crescimento de personagem, mas em uma cena isso pode acontecer e em um ato isso deve acontecer. Nesse sentido, essa conclusão além de material com, por exemplo, o vilão sendo derrotado, também deve ser espiritual, com os personagens envolvidos resolvendo os conflitos internos apresentados no começo de forma coerente.
Por fim, o final de toda a história segue uma ideia similar, mas em uma escala ainda maior. Nele, deve-se concluir a mensagem da obra, fechando todas as temáticas abordadas e explicando todos os mistérios. Ainda assim, não necessariamente esse é o final de tudo, o personagem principal não precisa ter resolvido todas as suas inseguranças e ascendido ao nirvana, muito menos ele precisa se tornar o mais forte do universo, basta que, ao final da história, tudo que foi apresentado em seu começo tenha uma conclusão.
Toda história é um recorte de um universo muito maior e vasto que existia antes dela começar e que existirá após o seu fim, sendo que esse recorte é definido em suas extremidades pelo começo e pelo fim. Então o que conecta os dois é o meio, o recheio da trama.
O meio
Diferente dos dois casos que têm definições relativamente claras, o meio é o mais livre. Contando que ele consiga, de forma lógica, ligar o começo ao fim, pode-se fazer o que preferir. É nele em que a maioria dos eventos acontecem, onde há mais reflexão, onde as explicações são dadas, onde os conflitos alcançam seu ápice. Por fim, ele também é onde se apresenta tudo para convencer o leitor de que o fim é a resposta correta ao começo. Ou seja, ele é o conjunto de argumentos que sustentam a conclusão do livro.
Para o meio, a mais livre das três partes, resta uma regra: ele deve se conectar logicamente com o início e o fim, de forma a tornar o fim convincente. Claro, existem muitos modelos de escrita que abordam como construir o miolo de sua história, com alguns padrões tão bons que são repetidos a séculos. Ainda assim, há vários desses modelos e sempre é possível encontrar novos meios criativos de contar esse meio.
Mesmo em uma estrutura muito micro, como o parágrafo, o meio pode ter quantas informações desejar, contanto que elas estejam relacionadas ao tópico inicialmente apresentado e que não contradigam o final.
Para uma cena, para um ato, ou até para toda a história, é nessa parte onde a maioria dos eventos acontecem, guiando e justificando o final.
Agora vá escrever
O começo é uma apresentação de conceitos, ideias e problemas, o fim é a resposta dada a isso e a conexão lógica entre os dois é chamada de meio. Com isso em mente, você precisa ir praticar.
Para que consiga construir textos bem estruturados de forma mais natural, é importante que, primeiro, se force a pensar conscientemente no começo, meio e fim de tudo que produzir. Esse será um processo tedioso e trabalhoso em vários momentos, mas é necessário, porque de tanto se forçar a pensar sobre, aos poucos se tornará automático estruturar seu texto desta forma.
Além do mais, não existe nada melhor para fazer na vida do que escrever, então, você que já acabou de ler esse artigo, vá escrever agora mesmo e aproveite o processo.
Se houver qualquer dúvida, sinta-se livre para comentar fazendo perguntas.
E boa sorte com sua futura obra.
Comments