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Coisas que Você Precisa Saber Antes de Montar a sua Carreira como Escritor

Foto do escritor: Luiz GêLuiz Gê


É bem comum sermos movidos por uma ideia na hora de escrever. Nós montamos um roteiro — ou não — e então, ansiosamente, as colocamos na ponta de nossos dedos e as passamos para um documento em branco. Ahhh~ Isso me faz lembrar dos meus tempos de início de carreira.


Eu era um total ignorante no quesito escrita, tanto é que nem gostava de livros ou de ler, mas mesmo assim sentei a bunda na cadeira e me arrisquei a escrever um "capítulo" — o que hoje em dia chamo mais de rascunho, mesmo.


Pensando nisso, pergunto-me quantas pessoas tiveram o mesmo começo que eu ou quantas não tiveram, pelo simples medo de se arriscarem em algo novo…


Enfim, este artigo é dedicado a eliminar esses obstáculos invisíveis que as pessoas criam em suas mentes — ou que elas nem sabiam que existiam. Basear-me-ei nas coisas que aprendi ao longo da minha experiência como escritor, mas que, se não fosse pela falta de artigos relacionados ao assunto, poderia ter facilmente aprendido sobre, antes mesmo de ter começado a escrever.


Sem mais enrolações, que tal começarmos falando sobre algo que pouca gente sabe e, por conta disso, confunde muitos amantes do exercício de escrever?


Mas, afinal, o que diabos é a Escrita Criativa?



Escrita Criativa


Entre ser uma pessoa alfabetizada, gostar de escrever e saber escrever, existe um abismo de conhecimentos e habilidades diversas.


Para aprender a ler e escrever, que geralmente acontece durante a infância, nós precisamos dominar as letras e suas formas de construir palavras.


Para gostar de escrever, é preciso desenvolver um interesse notável e genuíno pela expressão "escrita" e utilizá-la como uma atividade de lazer e de descontração.


E, para saber escrever, é necessário saber tudo isso e mais alguns conhecimentos sofisticados, direcionados a um objetivo em comum, que aqui será a produção de ficção.


Esses três passos são etapas evolutivas do processo de produção textual.


Perceba que, para aprender a escrever, você não precisa gostar da escrita ou ter o sonho de publicar um livro. A alfabetização é um processo da ordem da necessidade, uma exigência comum para viver em sociedade e ser capaz de fazer atividades básicas.


Para gostar de escrever, obviamente, é preciso ser uma pessoa alfabetizada, mas também não há a necessidade de saber escrever ficção ou ter o sonho de publicar um livro.


Gostar de escrever não é necessariamente uma necessidade básica para viver em sociedade, apesar de amenizar o fardo de alguns trabalhos escolares e compromissos no trabalho, por exemplo.


Gostar de escrever significa ter um apego com o ato de escrever como um hobbie. Não há um compromisso sério de escrever ou nenhuma preocupação em se aprofundar em teorias e técnicas.


Por fim, para saber escrever, nós precisamos de maior sofisticação na hora de escrever, como também maior conhecimento dos processos da escrita em um maior senso de propósito. Em outras palavras, para escrever ficção você precisa conhecer algumas diretrizes básicas e ter um objetivo claro.


Saber escrever uma história está longe da etapa inicial, a alfabetização, e consequentemente está longe da necessidade. Saber escrever é uma vontade que exige certas competências para acontecer.


"E é aqui que entra a Escrita Criativa."


Francamente, a escrita criativa não é uma necessidade nem algo obrigatório que todo mundo precisa saber. A escrita criativa se concentra especialmente no campo da ficção e contação de histórias, também conhecido como storytelling. Trata-se de uma maneira específica de expressar e reunir conhecimentos para produzir ficção.


Ou seja, a escrita criativa é ao mesmo tempo uma forma de expressão encontrada majoritariamente na ficção, em um conjunto de conhecimentos destinados ao ensino-aprendizagem. Essa forma de expressão engloba os famosos elementos da narrativa e servem como sustentáculo para contar uma história que emocione e transmita alguma mensagem. Você não encontra a escrita criativa em artigos científicos ou em livros técnicos. Você não encontra a escrita criativa em receitas de bolo e bulas de remédio.


Porém, com a expansão da escrita criativa e principalmente do storytelling, é possível utilizar exercícios e técnicas para requintar algumas formas de expressão. Como os seres humanos amam histórias, cada vez mais profissionais estão utilizando a escrita criativa em seus ambientes de trabalho. Dessa maneira, encontramos escrita criativa em livros de não-ficção, apresentações de powerpoint, relatórios de resultados, teaching e em outras várias ocasiões que antes não caminhavam tão juntas da criatividade.


Hoje, é possível dizer que a escrita criativa está na boca do povo e que um dia a criatividade vai liderar o mundo… mas tudo isso não passa de um sonho. Sonho esse que discutiremos logo a seguir.



Eu tenho um sonho…


É muito comum sonhar em publicar um livro e viver da escrita. Geralmente, nós temos tais sonhos ainda na adolescência e naturalmente, com o passar do tempo, eles vão embora e dão lugar à dura realidade. Padrão.


Assim, quando você retoma o seu sonho de dez, vinte, trinta, quarenta anos atrás, encarar a ideia de escrever um livro pode ser assustadora demais para ir até o fim.


Daí, vem a desistência e as justificativas de que é difícil, exigente demais e que você não tem tempo.


Para evitar cair nessa ribanceira de grandes frustrações, escrever é um hábito que segue a regra comum de todos os hábitos de nossa vida: começar com um pouco e se esforçar todos os dias.


Não existe um atalho mágico nem um curso milagroso que vai te transformar em um prolífero autor da noite para o dia.


Se o seu sonho ainda é publicar um livro, não há motivos para cair em desespero ou sofrer escrevendo. Para criar o hábito de escrever, existem 4 competências que eu gostaria de destacar, embora elas façam parte da vida profissional de muitas pessoas escritoras ou não.


Então, mesmo que você não queira publicar ou viver da escrita, são competências que vale a pena desenvolver.



Comprometimento


Por mais que escrever seja um passatempo para construir uma carreira ou finalizar um projeto, é preciso que a escrita seja muito mais do que um momento de lazer.


Muitas pessoas reclamam quando seus hobbies se transformam em profissão, mas, apesar da seriedade e de possíveis prazos, escrever não precisa ser um fardo só porque você se comprometeu.


A diferença é que agora você terá novas preocupações, como desenvolver um estilo, polir a sua escrita com o estudo, treinar diariamente, cumprir metas e se expor a feedbacks. São tarefas nem sempre prazerosas, mas necessárias para levar um projeto a sério.


Ser uma pessoa comprometida com a publicação de um livro ou de uma carreira é a garantia de que os outros também vão te levar a sério, afinal, se você não levar a sério, quem é que vai?



Disciplina


Escrever é um hábito, não uma atividade que deve ser feita somente nos momentos inspirados. Graças à disciplina, é possível reservar um espaço na agenda para escrever todos os dias e, com o tempo, finalizar um projeto em tempo saudável.


Disciplina não é fácil de criar, mas, uma vez desenvolvida, é muito mais fácil de manter.



Persistência


Escrever um livro no Brasil e ser escritor ou escritora não é nada fácil. Nós vivemos em um país onde cada pessoa lê um pouco mais de dois livros por ano em média (Fonte: Instituto Pró-Livro (2016)), enquanto muitas editoras conhecidas valorizam best-sellers internacionais em detrimento de produções nacionais. E ainda que a publicação compartilhada, na qual você desembolsa milhares de reais, tem sido uma tendência muito forte, ela ainda é cara e distante da realidade de muitos brasileiros.


Eu particularmente abomino esse tipo de publicação. Longe de mim dizer o que você deve ou não fazer com o seu dinheiro, mas saiba que você pode ser enganado. Não são todas, mas muitas editoras se aproveitam desse sonho para armar uma armadilha.


Dar-te-ei um exemplo que muito ouvi dentro da comunidade de escritores. Normalmente, você paga caro para que eles imprimam o seu livro em mídia física, com o selo da editora. Eles fazem uma divulgação porca — se é que fazem alguma divulgação — e te fazem vender o seu livro por eles. Se você vender bastante, eles vão dizer com orgulho que você é da editora, mas, se você não vender… Bom, pelo menos você pode se chamar de "escritor profissional", já que tem um livro publicado, né? Errado!


Essas editoras só querem saber de dinheiro, não da qualidade de seu livro, tanto é que ele nem será passado por um revisor ou editor. Você vai viver na ilusão de que tem uma boa escrita, porém, em muitos casos, você ainda não tem e vai ficar decepcionado — e até irá querer desistir de escrever — quando o seu livro fracassar nas vendas.


Não seja otário! JAMAIS pague para publicarem algo seu. Prefira sempre uma entrevista com o editor-chefe de alguma editora ou então vire autônomo e se publique gratuitamente em alguma plataforma como a AmazonKDP ou em algum site, como a Kiniga, a Novel Mania, a Vulcan, a Reaper ou a Mangá Livre.


Por isso, saber persistir — e onde persistir — é quase uma obrigação e está intimamente ligada à quarta competência.



Paciência


Largar tudo e viver da escrita não é uma escolha racional. Existem milhões de livros publicados, com histórias maravilhosas… e anônimos.


Entenda que eu não quero te desencorajar, mas, a menos que você seja a próxima encarnação de Machado de Assis, construir uma carreira é um projeto de longo prazo.


Ter paciência é fundamental. Paciência para assistir seu lento crescimento, suas lentas vendas e lentos progressos. Paciência para escrever um livro, para revisar o livro, para editar o livro, para juntar dinheiro para contratar editores, designers, e para publicar o livro. Paciência para fazer o marketing do livro para construir o seu público e começar tudo de novo. Paciência para entender que ter muita ansiedade não ajuda e que começar com pouco e com recursos limitados pode ser a sua única chance de sair do lugar.


***


Por outro lado, para ser escritor ou escritora existem cinco fatores que você não precisa ter, mesmo que alguém diga que você precisa.



Dinheiro


Isso mesmo, você não precisa de dinheiro para escrever. Para não cair num mundo de fantasia, você até precisa de alguns trocados para comprar uma capa decente para a sua novel e, até, ilustrações.


Graças às plataformas de autopublicação, como a AmazonKDP, Kobo e Bibliomundi, e a sites como a Kiniga, a Novel Mania, a Vulcan, a Reaper ou a Mangá Livre, por exemplo, publicar uma novel pode ser gratuito — ou no máximo com custos acessíveis, no caso das plataformas de autopublicação.


Na Amazon, inclusive, você pode publicar não só ebooks, como também livros físicos, uma vez que eles trabalham com a impressão por demanda, e você não gasta nada por esse serviço.


É claro que dinheiro facilita muito a nossa vida, pois com bastante verba poderíamos terceirizar muitos trabalhos e contratar profissionais altamente qualificados, ficando apenas com a tarefa de escrever, que é o nosso verdadeiro trabalho.


Porém, com o orçamento baixo e em início de carreira, vale a pena arriscar e fazer o melhor que você puder com os recursos que tem hoje.



Diploma


Você não precisa de faculdade nem de estudos formais para se sentir preparado para escrever um livro.


Na verdade, instituições formais são famosas por podar a criatividade e se ater a teorias na maior parte do tempo.


Ter um diploma e fazer mil cursos é inútil se você não criar o hábito, ter competência e escrever todos os dias. Portanto oficinas de escrita, como a Tutoria da Novel Brasil, e autodidatismo são válidos e sempre bem-vindos, contanto que você faça sua parte.



Originalidade


O terceiro fator é crucial. Você não precisa perseguir o original e o novo freneticamente. Carregar referências e saber inovar são duas formas de construir boas histórias.



Talento e Sorte


O quarto e quinto fatores estão intimamente relacionados. Ninguém nasce sabendo escrever. Por mais óbvio que isso seja, essa frase significa que todo mundo precisa aprender a escrever e que todo mundo é capaz de aprender.


Por isso, não se prenda ao "eu não sei escrever" ou "não consigo" ou na pior frase que alguém pode dizer para desmerecer alguém: "fulano tem sorte ou tem talento".


Quero deixar claro aqui que eu, o escritor deste artigo, pessoalmente não acredito em "talento". Acredito sim que existem pessoas com facilidades em certas coisas e dons naturais — como Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, que por causa de dois dentes a mais alcançava notas quase impossíveis de serem alcançadas! —, mas considero a palavra "talento" pejorativa, um insulto aos esforços da pessoa, só porque agora você a vê em seu ápice e acha que ela sempre foi assim.


Sabe, fulano pode até ter tido sorte em alguns momentos ou facilidades que talvez você não tenha, mas o ponto principal da escrita não pode ser sustentado por nenhum desses dois fatores.


Em algum momento, o fulano teve que aprender a escrever e treinar as suas habilidades. Se o fulano aprendeu mais rápido o público ou mais rápido, isso provavelmente aconteceu por uma série de fatores que vão desde uma estimulação na adolescência até mais tempo e dinheiro disponíveis.


E, além disso, o fulano é o fulano, e você é você. Assim como uma rotina específica não funciona para todo mundo, existem cursos, planos e projetos que nem sempre funcionarão com você.


Mas responsabilizar suas frustrações à sorte ou ao talento é uma maneira mais fácil de desistir.


Ter facilidade em escrever não é o bastante. Ter sorte não é o bastante. Em algum momento, pessoas sortudas e "talentosas" tiveram que se esforçar. Não há como fugir do esforço, a não ser que você seja uma I.A. capaz de escrever e publicar em um dia.


Mas, quando você está lá, no capítulo 15, e não sabe como sair daquela cena interminável, não importa se você acha que tem sorte ou "talento". Você também vai ter que passar por isso.


Se preocupar em construir um hábito é a nossa melhor chance de evitar esses golpes de sorte e "talentos natos" que existem apenas em nossa fantástica imaginação.


***


Com essas 4 competências e evitando esses 5 fatores, escrever não será mais fácil, mas será uma certeza.



Fonte:



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