De acordo com a definição, é “um final dramático e emocionante de um episódio, deixando o público em suspense e ansioso para não perder o próximo episódio”.
O termo inglês se originou com a série de Thomas Hardy, quando um de seus protagonistas, Henry Knight, foi deixado pendurado em um penhasco. Por isso o “cliff”, de penhasco, e “hanger” de pendurado. Mas no nosso português é conhecido como “gancho”.
Os escritores utilizam cliffhanger como recurso literário no final de cenas, capítulos e volumes. O que leva a terminar sem que as questões levantadas sejam resolvidas, forçando o leitor a continuar a ler para descobrir o que acontece.
Ou seja, nada mais do que uma tática utilizada para captar a atenção do público para o que está por vir.
Por sinal, um dos exemplos mais famosos do uso de ganchos é encontrado em “Mil e Uma Noites”. Scherezade conta uma série de histórias ao rei por 1.001 noites, terminando cada uma delas com um cliffhanger, para se salvar da execução.
Hoje em dia, os escritores têm usado com cada vez mais frequência porque os leitores podem ser facilmente tentados a afastar das histórias. Em vez de terminar cada cena de forma satisfatória, tornou-se bastante comum o prolongamento do suspense. Ganchos são ótimos para estimulação e bons indutores que levam o leitor a continuar a leitura.
10 tipos de Cliffhangers
Antes de dar algumas dicas e ensinamentos, é importante ter ideia de como a maioria dos cliffhangers se manifestam em obras. Pode até ser aproveitado por você também.
1 – Uma pergunta sem resposta
É o gancho mais comum de todos. Basta fazer uma pergunta provocativa ou se certifique de que aquela que iniciou no capítulo continue sem resposta até o próximo.
Uma perda
Pode ser física ou emocional. Pode até ser algo tangível ou mesmo um relacionamento, mas que deve fazer com que o protagonista pense que não pode viver sem.
3 – A isca
Mostre ao personagem — protagonista ou antagonista — algo que ele deseja desesperadamente, mas que está fora de alcance e só deixe claro depois.
4 – Um vislumbre de esperança
Faça um pronunciamento de algo que é necessário, novo, diferente ou animador está para acontecer.
5 – Uma ameaça física
Coloque o personagem ou alguém que ele ama em perigo imediato. Se você criou empatia entre seus leitores e o personagem, não vão parar de ler até saber o que acontecerá.
6 – Um senso de presságio
Use foreshadowings e linguagem corporal. Use sinais e símbolos. Deixe seus personagens saberem que eles irão para um lugar perigoso ou uma situação arriscada.
7 – O tempo está para terminar
Termine com um senso de urgência. O prazo precisa ser cumprido!
8 – Um acidente
Pode ser um acidente físico ou um deslize da língua — uma informação foi solta sem querer. O alarme disparou: o importante é revelar um segredo que ninguém imaginava e sair correndo sem contar mais!
9 – Notícias inesperadas
Pode ser qualquer informação importante, ou mesmo uma pessoa que apareceu do nada. Encerre a cena com o protagonista recebendo notícias devastadoras.
10 – Uma decisão não tomada
Um personagem tem uma decisão que precisa ser feita.
Como utilizar o cliffhanger eficientemente
Por mais simplório que os tipos de cliffhangers possam parecer quando colocados em uma lista, o uso deve ser muito bem administrado pelo autor.
Os ganchos devem colocar grandes questões no final de um trecho ou capítulo. Deve se usar um cliffhanger durante um evento climático por meio da ação, ao invés de os soltar a qualquer momento.
Para construir com eficácia um cliffhanger, é sugerido o uso de elementos descritivos para lembrar os leitores do perigo potencial.
Comece os capítulos com um senso de urgência.
Mantenha as passagens concisas e elimine descrições supérfluas.
Combine passagens descritivas em cenas de ação.
Fique atento à experiência sensorial do protagonista.
Encontre maneiras plausíveis de ocultar informações importantes de um leitor.
Abra um capítulo com uma pergunta, um fato interessante ou uma mudança de ritmo.
Use flashbacks para abrir novas fontes de suspense.
Mova os últimos parágrafos de uma cena para o próximo capítulo.
Apresente uma nova surpresa que o público não espera.
Use pulsos, frases ou passagens curtas para lembrar o leitor do perigo à espreita.
Devo terminar o volume da minha obra com um cliffhanger?
Imagine que você planeja dois ou mais volumes e não imagina onde terminar exatamente. Seria uma boa ideia ter um gancho para o próximo livro?
Quando você escreve um volume que faz parte de um arco maior de conflito, você deseja terminar de uma forma que crie um encerramento, mas também estimule o leitor para o próximo. Um cliffhanger pode certamente fazer isso, mas essa abordagem pode parecer forçada, especialmente se a única função desse gancho é levar o leitor ao volume seguinte.
Em vez de recorrer a táticas assim, pense que cada volume funciona como uma entidade individual, além de seu papel no enredo mais amplo. Para esta finalidade, crie um encerramento significativo para cada volume individual.
Traga a resolução — em qualquer forma que se apresenta — para o impulso principal do conflito naquele livro em particular, para que o leitor sinta que chegou ao fim. Ao mesmo tempo, deixe perguntas convincentes que incentivem a ler o próximo volume. Podem ter a ver com o aspecto do conflito principal que foi resolvido, ou podem enfatizar um tipo de conflito ou questão que perpassa o volume, mas ainda não foi resolvida. Isso influenciará se o leitor sentirá uma leve vontade ou urgência para começar a ler o volume seguinte.
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