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  • Foto do escritorBunny Narrando

Coerência Textual

O que é coerência textual?


“Ela, matou, pegou, Makima, chão”. Você entendeu algo nessa frase? Provavelmente, não, afinal são apenas palavras jogadas, sem uma linha lógica que as guie, mesmo que cada palavra individualmente carregue um significado, o conjunto delas não o tem. Ou seja, faltou o que chamamos de coerência textual.


De forma mais formal, a coerência textual pode ser definida como: a conexão lógica e harmoniosa entre as ideias, frases e parágrafos em um texto, de forma a criar um sentido lógico. Responsável por dar sentido ao texto, a coerência é o fenômeno de estabelecer micro e macro relações lógicas no seu texto, de forma a fazer com que as novas ideias apresentadas complementem as ideias passadas, sem se contradizer.


Assim, mesmo uma ideia ou frase aparentemente sem sentido quando analisada sozinha, pode ganhar um significado, se o contexto no qual ela se insere for coerente, por exemplo:


“Leonardo e Letícia estavam jogando Mario Bros, quando a luz caiu. Sem opções para se entreterem, decidiram jogar um jogo sobre criar histórias. Funcionaria da seguinte forma, eles escreveram várias palavras aleatórias em pequenos pedaços, então um dos dois sortearia 5 palavras, já o outro teria que formular uma pequena história conectando as 5.

— Ela, matou, pegou, Makima, chão — Leonardo leu com dificuldades as palavras escritas com a péssima letra da Letícia.”

Assim, evidencia-se que a coerência é o que dá sentido à mensagem, por conseguinte a falta dela é o que torna um texto sem sentido. Por isso, para além de organizar os componentes linguísticos corretamente; é necessário estabelecer um contexto que una as ideias de forma lógica. Ou seja, além de estruturar uma frase corretamente do ponto de vista gramatical e sintático, ela também precisa estar dentro de uma lógica e precisa guiar o texto de acordo com isso.


Em resumo, a coerência textual é o alicerce que sustenta a compreensibilidade de um texto, garantindo que as ideias se conectem de maneira fluida e lógica. Agora, para entender melhor como fazer isso, podemos dividir a coerência textual em algumas subseções.


Como fazer um texto coerente?


A não contradição.


Para que um texto se faça coerente, ele precisa ter dentro de si conexões lógicas, ou seja, não deve apresentar contradições entre as próprias informações escritas nele. Portanto, é incoerente a frase: “Anne, no auge dos seus 24 anos, caminhava sem rumo, devastada por falhar em mais uma entrevista de emprego. Ao passar por um bar, desejou poder afogar as mágoas no álcool, mas ela ainda era menor de idade.”


Dizer que uma personagem de 24 e chamá-la de menor de idade, são informações que se contradizem, dado o contexto padrão que a pessoa terá em sua própria cabeça, no caso, o mundo real. Claro, a frase voltaria a conter coerência, se fosse apresentado um contexto de um mundo onde a bebida alcoólica só pode ser vendida para maiores de 25.


Nesse caso, a incoerência se faz bastante óbvia, correto?


De fato, é incomum que um autor se contradiga dessa forma em um mesmo parágrafo, mas ao longo de uma história, principalmente uma muito longa, certas regras e informações apresentadas podem ser esquecidas. Ou o autor pode simplesmente perder o controle da obra, de forma que informações apresentadas anteriormente precisam ser ignoradas ou contraditas, para que ele seja capaz de mover a obra adiante.


Nesse sentido, quanto maior o escopo e complexidade de um roteiro, mais é necessário cuidado com a coerência do texto no longo prazo. Principalmente quando falamos de mundos de fantasia, que quando mal pensados, podem acumular contradições ao ponto disso ser gritante.


Outro motivo para contradição comum, é o descuido com descrições, em particular do cenário. Não é incomum encontrar textos amadores, onde o autor descreve o clima como sendo frio e, alguns capítulos depois, esquece isso e descreve um campo florido de primavera. O que é bastante comum quando se posta capítulo a capítulo, sem haver uma revisão da obra como um todo antes de postá-la, por isso tome cuidado.


Também vale lembrar, que as ações das personagens também têm de ser coerentes, ainda que nesse caso, cada pessoa tem uma lógica interna própria, o que comporta contradições, contanto que a lógica interna da sua personagem seja bem pensada e se mantenha ao longo do texto. Ou seja, um personagem tridimensional pode e deve ter atitudes aparentemente contraditórias, mas a falha em encaixar todas essas peças corretamente, te deixará no fim com um personagem mal escrito. Além disso, obviamente personagens unidimensionais não devem apresentar essas contradições.


Os tipos de coerência


→ Coerência sintática


Um texto coerente do ponto de vista sintático, é aquele em que os elementos de uma oração são ordenados respeitando sua função e sentido, o que evita ambiguidade e mau uso de conectivos.


Um exemplo seria uma frase escrita assim: “quando voltamos para loja, que o Marcos trabalha, não havia ninguém trabalhando”.


Nesse caso, o pronome “que” está incorreto, pois ele é usado para retomar uma ideia anterior, mas não há o que ser retomado. O correto seria usar “em que” trazendo uma relação locacional entre as orações.


→ Coerência semântica


As palavras carregam um significado e informações intrínsecas a elas e, para que haja um sentido na frase, ela não pode contradizer isso. Por exemplo, soa estranho dizer:


“O jacaré voou para bem longe.”

Jacarés não voam e as pessoas sabem disso, por isso a frase por si só não tem sentido. Claro, com um contexto próprio, o signo jacaré pode ganhar informações a mais, que deem sentido para essa frase, como sempre a coerência depende do contexto.


→ Coerência temática


Refere-se a sequência temática dentro de um texto, ou seja, deve haver uma sequência lógica entre os assuntos abordados. Começar falando sobre o clima e, de repente, explicar sobre o estômago retrátil que as estrelas do mar usar para defesa, não faz sentido e é incoerente.


→ Coerência estilística


Todo texto tem uma estilística própria, que está sujeita a vontade do autor, ao contexto comunicativo e a intenção do texto. Assim, é incoerente adotar uma estilística informal, se o texto estiver num contexto formal. Ou seja, seria estranho fazer uma personagem que se apresenta de forma muito formal e “certinha”, falando de forma extremamente coloquial, principalmente quando se comunicando com outra pessoa “certinha”.


Da mesma forma, é incoerente adotar uma estilística voltada para o terror, se a intenção da obra for criar uma cena leve.

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